segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Favela

Sobe não dôto.
Deixa os menino brincá.
Eis usa bala trassante que pro céu enfeitá, sobe não dôto sobe não.
Oia só que lindo, os rabisco que faz no céu. Tem coisa mais linda Dôto? Tem não, né?
O Dôto num carece de subi, já, já eis acaba.
Dôto tem pele vistosa nu é sufrida feito nóis, Dôto tem famia, num é largado feito nois
Dôto inté istudô, vai faze o que lá? Sobe não Dôto, escuta esse veio que com zoio quase cançado aprendeu a ve futuro só de mirá o solado do sapato. O seu é novim né? Antão, vai faze o que lá, sobe não Dôto, sobe não.
Decha os menino brincá, já, já eis acaba.
Se assente aqui do meu lado, aprendi a adimirá. Os rabisco que as bala faz ensina a vida no morro Dôto, senta aqui.
Oia lá!
Ignorou o conselho do velho e subiu.
Subiu e não voltou.
A batida seca do surdo, o chacoalhar do nylon da caixa, a salva de 21 tiros
Baixado em sete palmos o heroi dos brancos com a farda da soberba repousa em berço esplêndido
O Velho, porteiro do morro, acende mais um pito de palha, sorri pra garotada que passa.
A vida é assim.
Um cavaquinho mostra o choro do morro.
Oi Dôto, vai subi, sobe não doto, sobe não
Já, já eis vão acaba.

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