Em uma relação matemática moderna, Campos está para Brogodó assim como Seráfia estava para o Cordel - da trama novelística recém-apresentada pela TV brasileira.
Nossa Cidade, Nosso Amor virou-se de ponta-a- cabeça e abriu as pernas a mais um escândalo nacional.
Comparações aritméticas à parte, nossas correlações são menos animadoras, pois na trama da Globo houve um fim. E a nossa, quando terminará?
Nosso Timotinho garotinho, nossa Duquesa Úrsula rosinha, tem um vice Patácio oliveira.
Não podemos nos esquecer de nossos Zóios Furados, aqueles que se transvestem da couraça de machos alfas e nada são além de ômegas oportunistas que adotam o discurso antigo que diz “ Em política, o que muda são as opiniões, desde que venham a favorecer ao povo sofrido de nossa cidade...” e através disso, mudam o canti de acordo com a verba liberada ou afago sempre regado a migalhas de cifrões ínfimos a quem os paga e nababescos a quem os recebe.
Essa terra onde já se produziu mulheres que invadiam assembleias a cavalo e homens que com o verbo e a pena libertaram seus semelhantes escravizados.
Terra onde um coronel e um lobisomem relatam estória de amor, onde em curva de rio um jacaré de papo amarelo defende um sino de ouro (nosso tesouro de Seráfia?).
Aqui se teve a primeira luz elétrica, em Brogodó teve o cinema.
O que falta ainda nesse enredo: um Jesuíno de coração nobre, uma Açucena ou Aurora com nobreza de alma e um rei que com as mãos limpas (venha de lugar distante e nos mostre o caminho correto a seguir).
Eu, um reles cidadão emprestado de outra cidade, me dou o direito de escolher também um papel: Miguezim, profeta apocalíptico, pois não é difícil prever o fim dessa trágica comédia regada a chuviscos de coliformes fecais que recaem mais uma vez sobre os campistas.
“O rei das sombras está combalido, não morto, mas no início de seu fim insano”.
— Mudem agora! Ou ele vai colocar fogo nessa vila de miseráveis que só tem a cruz. E aí, nem campos de cana verdes e petróleo teremos mais.
“ Aloisio Di Donato”